hoje 2

Hoje vou gritar às paredes. Deixar-te sair devagar do meu corpo enquanto o som morre nelas. Hoje vou rir da vida, deixar-te consumir no meu sorriso só para partires em paz. Hoje não te vou dizer nada, vou escutar o som do teu silêncio e deixar-te aí, imóvel, envolta na paisagem que não é tua, numa mentira que não é minha, num medo que te torna agridoce. Hoje vou sorrir a tua memoria e chorar o teu adeus, não que não saiba onde andas ou para onde vais, mas porque hoje vou fazer te as malas, embalar o meu amor naquela mala velha que já não usas e fechá-la á força para fazer todo o meu amor caber lá. Quando estiver quase fechada, vou soltar um sorriso, agarrá-lo no ar e fechá-lo dentro da mala. Não quero o meu amor sozinho no mundo, parte de mim segue com ele. Preciso fazer nascer um novo sorriso, um que não tenha escrito nelas “amo-te” um que não saiba sorrir só para ti. Preciso de um novo olhar também, este está cansado de não saber olhar para ti. Tenho de ensinar os meus pés a não caminhar para ti e as minhas mãos a não me acordarem de noite para te abraçar. Hoje tenho de guardar tudo o que aprendi e aprender a nascer.

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