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A mostrar mensagens de outubro, 2007

felicidade

Felicidade. Onde estás? Escondes-te com a idade? Os anos passam e pareces perder-te nos minutos Que se traçam diminutos. A existência vai se extinguindo E com ela a tua presença diminuindo… Já nada sabe como sabia quando a infância era terra O doce sabe a pão E o pão a guerra… Felicidade. Vais fugindo por entre os dedos, Como um pedaço de pó. Reflexo de todos os medos, De perder-te e ficar só. Afinal quem és? Onde tens os pés? Quem te conhece e quem te vive plenamente? Vou-te sentindo num mundo ás avessas, Por entre passagens controversas… Porque busco a tua alma, Como a flor busca a luz.

Sequências

O rastilho rasga o silêncio Que moribundo se prende na língua. O meu corpo cai no chão Como a ultima nota do piano Forte. Intenso. Porque partiste? Foi imenso, O barulho do que destruíste… Ainda choro a tua voz, Carente do teu toque Que atroz, Vai desfazendo os pensamentos. Ao longe, os momentos, Desenham no horizonte, A tua existência, Imagens paradas em sequencia. Chegam até mim, despidas, Exaustas e tristes. Agarro-as no meu peito, sentidas, Choram porque fugistes. Aqueço o coração, Tento dar-lhes calor, Mas é apenas ilusão. Dele apenas sai dor. Conhecia cada traço do teu corpo, Injusto momento, Que te despejou o copo, E matou o sentimento… Agora sem abrigo da tua mão, Mendigo as tuas imagens, Busco na ilusão, De ti, miragens… Mas de que me serve amar? Se sei que não vais voltar? De que serve guardar, Se sei que perdi o que tinha a ganhar… Chega de esmorecer, Chega de cair, É tempo de esquecer, Tempo de seguir… Porque a vida corre, Enquanto a alma nos morre…

Vida

Anda, diz-me onde, Onde escondeste os meus verbos, Onde colocaste os meus sentimentos acervos? Não sei mais deles, nem da existência… Deixaste-me sem paciência, nem ciência, Rodeado de um mundo que de hipocrisia Onde, diz-me onde! Onde escondeste tudo o que sabia Antes de me ensinares o que é noite e dia… Antes de me trocares os pensamentos E turvares os momentos… Agora, agora que sei? A vida é caminho revirado Onde não se limpam ruas Nem se reconstrói o sobrado. Vivemos uma vida feita de verdades cruas E mentiras servidas com um tom adocicado…

amor

O que é o amor? Passamos uma vida inteira a procurar essa palavra, fazemos as maiores asneiras, corremos becos e mundos atrás dele. Mas o que é? Como se define? Para mim será sempre um sentimento incondicional, quando se ama, ama-se sem pensar, sente-se sem medir, simplesmente ama-se. Não existe momento, não existem condições, apenas sentimento puro e abstracto. Quando se ama, ama-se para sempre? Nada é eterno! O amor é um sentimento que deve ser vivido em todo o seu esplendor, nunca devemos tentar reconstitui-lo depois de ele morrer, porque daí apenas sobra pedaços que nunca mais encaixam na perfeição. O amor não é perfeito, mas é único e verdadeiro, é sentir que o mundo vai acabar se não vivermos aquele momento. É dar tudo o que temos e ainda achar pouco, para mim será sempre pouco. Não se pode só amar um homem ou mulher, somos tanto, sentimos tanto, como podíamos apenas distribuir por uma única pessoa? Muito cometem esse erro, eu já cometi esse erro, mas a vida vai ensinando quem qu

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Escuta. Olha. Toca. Ouve. Cheira. É a vida. Um despertar de sentidos Que tocam os mais comedidos E libertam a alma que não se acalma No desejo de viver o intenso ser São esforços de existir em cada sentido Trocado por pedaços de vida Escritos num traço de papel Ainda pouco usado, Rasgado de uma página qualquer De um livro que quem acabou de ler Não conta a história, Pois dela apenas fica a memória Rica e completa no saber… Onde somos os escritores, Deixando uma letra vincada O traço de uma caneta usada Deixando em cada espaço, Um travo de inacabado. Para que no final, A escrita não seja meramente banal…

Cor

Hoje vou saltar, Correr mundos e cores Esquecer tudo o que incomodar, Infelicidade e dores! Vou rasgar um pouco de vida Comer um pouco de tempo Dar à passagem alento E à vida, a atenção merecida! Vou escrever um página, De letras vadias Vou escreve-las na lâmina Para que voem livres de poesias. Sem linhas que as prendam, E as reinventem… Que os limites as tentem, Mas que elas jamais cedam! Hoje pintar o branco E colorir o preto, Ser total, franco. Esquecer todo o medo!

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O som não sai E o ar não entra! O amor lá vai E o frio entra! As horas espadas de marfim Fazem dos instantes lascas em mim! A indecisão é marca A dúvida, arca… Arca que me guarda e me consome Sem medo das letras E de tudo o que o meu corpo descobre. Dá-me este momento. O arrepio consome os sonos Que se apagam no linha, Deixados pela imagem que se definha… Imortal o tempo Levas o ínfimo saber Que o mortal tem para te ler.

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Esgoto-me nos teus dedos Perco-me nos teus cabelos Os momentos passam num arrepio Que me percorre o corpo Como um comboio louco Que despedaça em cada membro As linhas estão tensas Os caminhos sujos, imperfeitos Nada é como me lembro Os rastos apagados Guiam-me a terrenos desolados Onde a tua presença consumiu toda a paixão Abriu os sentimentos em pedaços Despedaçou o coração Desfê-lo em estilhaços… Esgoto-me nos teus dedos, Perdido nas palavras que vibram na minha alma. Vai te quero rasgar o meu corpo Pertencer a tua intensidade Sentir o deserto e a agua de um copo, Sentir o mar e uma concha de areia. Sentir o tudo e o nada que me permeia! Sentir o nada e o tudo no corpo, Que se desfaz e avança. Num mundo moldado por ti e pela esperança.

Descalça-te

Cala o mundo, Solta o desejo profundo, Que te apaga e te acende Que te solta e te prende! Sabes quem és? Onde existes e estás? O mundo que tens a teus pés É prova do que a tua mão faz… Descalça os pés, Trocas as mãos Tocas o encanto dos sãos, Que em ti, esperam o que não vês… Olha para ti! Rasga os papeis, Aqueles que escreveram de ti, fieis! Pensa em tudo o que de ti, senti! Lembra quem és, Esquece quem foste Isso vai lés, Não é mais que recordação. É tempo de sacudir a areia Lembrar a lição, Grande, derradeira! E seguir caminho de coração!