Vida
Solta-se o tempo Como uma pena ao vento Soltam-se as palavras Como pedaços de madeira na água Tudo passa na leveza de um passo Sempre sentido, Nem sempre (com) sentido, Deixamos em cada expressão de tempo Uma fracção de gente Que fica registada com rapidez de uma monção Que aparece e desaparece num ápice Tão rápida que perdemos a noção De tudo o que fizemos, o que se disse… Deixamos para trás uma sombra Um caminho lavrado de penumbra Indefinido, perene. Por mais que tentemos subir a corrente A alma não é gente suficiente Para voltar atrás, Tudo muda, tudo se transforma Num incessante curso de vida, Que se pára, morre.