As noites esvaziam-se no teu olhar


As noites esvaziam-se no teu olhar,
Como as águas no fogo do verão...
Consome-me a tua ausente presença,
Não sou mais que o reflexo de uma paixão
Que me faz chorar os tempos perdidos
Que me faz querer parar o tempo e voltar atrás
Mas o tempo cruel não volta
E eu sou apenas rotina passageira
Que nada tem para se orgulhar
Sem voto ou sentença
Continuo com os meus sonhos estendidos
Estendidos nos mantos verdes das praias douradas
Por detrás das dunas pintadas
Jazem inertes as minhas ânsias
Ainda neles existe um pouco de ti que me faz tentar...
Olho mais uma vez o retrato pintado por dedos destros
Retratando a beleza em si
Olho de novo para ti
Mas não vejo em tal retrato o mais desejado
Não vejo o meu reflexo em teu olhar
Volto-me para o espelho, não sou eu
Apenas o reflexo ficou, o resto o tempo apagou
Apenas vagueio pelas ruas do tempo
Procuro nas esquinas da paixão por ti
Mas já não te encontro aqui
Uma pequena lágrima desce agora o meu rosto
Sinto-a a descer ao meu espírito
Não a controla a razão
Mas os contornes da vida é que lhe dão direcção
Tento sacudir de mim esta tristeza
Mas volta a mim como um boomerang sempre volta à sua posição
Em mim tudo vai, tudo volta,
Nada fica excepto a tua presença...
Que me magoa, me complica
Pintados nos cristais do porvir continuam a esperança e o desejo
Pois em mim permanece a paixão por um único beijo
Mas deixas-te apenas o perfume nas pétalas da vida
Para me recordares a essência perdida
Para que em mim as horas não passassem em rodopios constantes
Mas na doce sonolência da tua fragrância
Não adormeci, acordei, manteve-me acordado esta essência
Que desperta em mim sensações que me fazem mergulhar no infinito
Eu que nada sou, torno-me algo
Por meros instantes enfrento o mundo com um medo finito
Mas à noite abandona-me o teu aroma,
Vai-se a luz do teu quadro
Fico só, em meus sonhos volto a sonhar
Pois até destes voaste,
Tento andar mas apenas caminho,
Hesitante procuro um pouco de luz
Mas deixas-te o meu caminho para trás
E agora tropeço pelos caminhos escritos mas inacabados
Das estradas vistas mas não entendidas
Tornam-se esquivos os meus motivos
Mas logo amanhece e volta o doce bálsamo da manhã
Sento-me, olho o teu retrato, deixo cair o cansaço
E agora posso estar contigo...

Comentários

Anónimo disse…
Grande! Gostei mesmo. Começa um pouco vazio, apenas embelezado, mas logo se enche de palavras bem cheias.

Tenho no entanto uma pequena sugestão, que (por favor!) põe sinais de pontuação e espassos entre os versos; Para alem de ser mais facil de ler, fica mais facil de navegar. :)

Continuação, e vou voltar!

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